
Era um pintor de estrelas. Não por poesia. Pintava as estrelas porque não gostava da cor que elas tinham. Queria que as estrelas fossem todas cor de laranja com pintinhas pretas. Colocava a escada todo o dia, à noite, na parede de seu prédio e lá ia com suas tintas. Pegava uma aqui, outra acolá, e ia pintando. As estrelas não gostavam muito, queriam ter a cor que lhes era natural. Se mexiam um pouco, gemiam, mas, no final, sempre eram lambuzadas de tinta laranja e bolinhas pretas. O pintor passava pintando todas que conseguia até clarear o dia. Aí ia dormir feliz. Certo dia olhou para o céu para ver como andava o resultado de seu labutar noturno.
"Caramba! Não há uma estrela laranja com pintinhas pretas!"
O que ele não sabia é que as estrelas que ele pintava tomavam um extenso e demorado banho, cheio de creme rinse e vitaminas, zombavam dele e continuavam a brilhar na cor que bem lhes dessem na telha.
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