
Juneca havia trabalhado duro lá na construção do gasoduto Bolívia-Brasil. Trabalhou algum tempo, juntou dinheiro e voltou para São Paulo. Nos anos 90, era moda em São Paulo criar cobras de estimação. Juneca pensou: "Ficarei muito na moda no século 21 se trouxer uma anaconda para criar em meu apartamento" . E trouxe.
Bem, no começo foi fácil. O seu dinheiro era mais do que suficiente. Comprou um apartamento para alugar e ter uma renda fixa, um apartamento para ele nos Jardins e montou uma loja de livros na alta Augusta. Para a cobra, comprava um boi morto inteiro, e, como a cobra ficava digerindo aquilo uns dois meses, Juneca a deixava em seu viveiro e não se atormentava. E as pessoas iam no apê de Juneca e achavam aquela anaconda o máximo da modernidade. Mas, com o passar dos anos, ninguém se interessou mais pelos livros e o negócio de Juneca foi por água abaixo. Acabou falindo. E a cobra começou a forçar o vidro de seu viveiro pois estava com fome.
Juneca nunca mais foi visto de dia na rua, somente saia de vez em quando para cuidar do inquilino quando este atrasava o aluguel. A cada dois meses alguém o via, com muita dedicação, a ajudar algum clubber que tomava ácido demais e ficava jogado na rua. Juneca é muito bom e apesar de não ter a vida que sempre quis, sempre auxilia estes pobres adolescentes que não sabem como voltar para casa.
Um comentário:
A anaconda não fica com indigestão de clubbers?
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