
Bordado por mim mesma pela eternidade
Palavras me rondaram os pés
E, num redemoinho silencioso,
Me levantaram com as mãos para os céus
Minha voz calou
Meus olhos se abriram
Minhas asas nasceram
Voei pela cidade
E enxerguei o rosto de pessoas em seus apartamentos
Era domingo
Pude ver crianças brincando nos pátios
Mulheres amando
Homens atravessando ruas
E senhores sentados, a conversar
Era de manhã
Beijei o sol
Fui pousando em uma torre alta
As pessoas me olhavam, mas não me viam
Eu era transparente
Parti para o mar
Nadei com peixes e sereias
Apanhei uma estrela do mar
E era noite
A estrela, guardei para minha mãe
Um nome, para meu pai
Encontrei uma coruja
Que me disse que era bom pousar
Vesti meus chinelos
Pousei em uma festa de São João
Ali, fiquei nua
O gaiteiro tocava com vontade
Todos me cumprimentavam com alegria
Vesti os olhos que as pessoas me davam
Andei entre aquele povo
As bandeirinhas a tremular de cores
Era madrugada
Encontrei um saco
E, pela geada,
Nele entrei
Encontrei lá dentro uma cabana
E a mesa posta com zêlo
Comi até me fartar
O sol nascia
Derrubei o vinho
Pedi desculpas e parti
Sem olhar para trás
Feliz em ser leve e poder voar
Senti que as cores me tomavam
Me coloriam as entranhas
Me satistisfaziam
Dei a mão para mim própria
Senti sono
Pousei em um ninho calmo
Dancei com os vaga-lumes em volta
Me fiz círculo
E fiquei em paz
Era segunda-feira
(essa também é um relembrando de postagens antigas)
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